PROJETO VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS

Este espaço foi criado para mostrar o processo de construção do projeto 'VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS', do artista plástico paraense Maciste Costa. O projeto tem o patrocínio do Banco da Amazônia, e a proposta de transformar em arte o cotidiano dos trabalhadores do Ver-o-Peso, em Belém do Pará. O resultado foi apresentado ao público em uma exposição entre os dias 23 maio e 29 de junho de 2011, no Espaço Cultural Banco da Amazônia. Acompanhe os detalhes do projeto por aqui. Sugira, opine, participe. Entre e boa jornada!
Ilustração: Os pescadores/ Maciste Costa

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Urubu - ícone que se mistura à paisagem da feira.

É impossível retratar o Ver-o-Peso e deixar de fora desse universo de gentes e vidas o Urubu - esse personagem tão inerente ao cenário da maior feira ao ar livre da América Latina. 

Urubu, lápis 9B sobre tela, 2011, Maciste Costa.

dessa legião
fome inda...
que abre celestial
epitélio
noutro denso
argumento couro
desse bico nave ave
dessa trilha quilha de
sol
que perpassa
dourado cetim
que sutura o esôfago
dos mercados
que dança vísceras de
um amado
primogênito
na fartura que fazem
da
cadavérica ceia


terça-feira, 28 de junho de 2011

Vendedora de essências

Vendedora de essências, lápis 9B e tinta acrílica, sobre tela, Maciste Costa


dentro folha
Guardo colho escolho
o olho
Prestes deste mangue
A bruxa mão (de)
canta
a seiva manto
quebranto
alquebrado

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Caranguejeiros

Caranguejeiros, lápis 9B e tinta acrílicaa, sobre tela. Maciste Costa


trago barco arco
calado vozes
mangue ante
das cavernas lamas
amas o duto
antebraço
pardo cemitério

doutros velhos pelos
nele conde condessa
acha o orifício ofício
da pouca carne

dentro

a morte 
do crustáceo

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Vidas, Gentes na TV Cultura

Nesta segunda-feira (30), o projeto "Vidas, Gentes e Outros Desenhos", do artista plástico paraense Maciste Costa, foi tema de um dos blocos do programa Sem Censura Pará, da Fundação de Telecomunicações do Pará (Funtelpa). Maciste foi entrevistado pela apresentadora do programa, Renata Ferreira, e pelos debatedores convidados, o jornalista Januário Guedes e o procurador da República Bruno Valente.

O artista destacou a origem do projeto, o processo de construção das telas, a participação dos trabalhadores do Ver-o-Peso, além de abordar seu trabalho como escritor e poeta. O programa sorteou ainda um exemplar do livro infanto-juvenil "Pedrinho e o peixe azul", de autoria de Maciste Costa e premiado pelo Instituto de Artes do Pará em 2007.


Maciste Costa

Maciste ao lado da presidente da Funtelpa, Adelaide Oliveira

Convidados do programa Sem Censura Pará desta segunda (30)

domingo, 22 de maio de 2011

E os trabalhos foram abertos!

Gente ilustre, e anônima, marcou presença na última sexta-feira (20) no Espaço Cultural Banco da Amazônia para participar  da abertura oficial da exposição "Vidas, Gentes e Outros Desenhos". A exposição é um projeto do artista plástico paraense Maciste Costa, que traz recortes do cotidiano dos trabalhadores da feira do Ver-o-Peso, e tem patrocínio do Banco da Amazônia. O trabalho pode ser visto até 29 de junho, no andar térreo do Banco, de segunda a sexta-feira, em horário comercial. A entrada é franca. O Banco da Amazônia fica na avenida Presidente Vargas, número 800.

Confira nas fotos abaixo,  feitas pelo estudante de Jornalismo Hugo Almeida, o que rolou no evento:

Dona Beth Cheirosinha, uma das mais famosas erveiras do Ver-o-Peso

Maciste Costa, de blusa azul, mostrando o catálogo da exposição
Casal apreciando a tela "Peixeiros"

Pra comprovar quem passou por aqui!!!

Espaço Cultural Banco da Amazônia

Obra "A vendedora de mingau"

Plotagem do texto do curador da exposição, Renato Martins

Trabalhadores da Feira do Ver-o-Peso trouxeram a família

Gente ilustre e anônima, amigos e desconhecidos na abertura da exposição

Poeta, escritor e trovador Antonio Juraci Siqueira
Escritor Daniel da Rocha Leite (ao centro).
Saiba mais detalhes sobre o projeto "Vidas, Gentes e Outros Desenhos" clicando aqui.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Bastidores

A abertura da exposição chegou. É hoje, 20 de maio de 2011. Mas na véspera, o ideliazador do projeto, o artista plástico Maciste Costa, junto com os amigos e colaboradores, passou o dia  montando os detalhes da exposição "VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS",  e principalmente montando as telas do projeto que tem patrocínio do Banco da Amazôni. Você poderá conferir o resultado até 29 de junho, de segunda a sexta, em horário comercial, no Espaço Cultural Banco da Amazônia. O Espaço fica no andar térreo do Banco da Amazônia, na avenida Presidente Vargas, número 800. Enquanto isso, olha como é um dia antes da exposição:










segunda-feira, 16 de maio de 2011

Presença confirmada

Na manhã desta segunda-feira (16), os trabalhadores da Feira do Ver-o-Peso em Belém receberam o convite da exposição "Vidas, Gentes e Outros Desenhos", que traz ilustrações em tela sobre o cotidiano da Feira. Eles já disseram que vão estar presentes na abertura do evento na sexta-feira, 20 de maio. E ainda mais porque uma das obras expostas foi feita por eles, a tela "Humanidade".

A exposição "Vidas, Gentes e Outros" é um projeto do artista plástico paraense Maciste Costa, patrocinado pelo Banco da Amazônia. O público poderá conferir o trabalho entre os dias 23 de maio e 29 de junho no Espaço Cultural Banco da Amazônia, localizado na Avenida Presidente Vargas, número 800. Horário e dias de visitação: segunda a sexta, de 8h as 1h e 14h as 18h.

Beth Cheirosinha, uma das mais populares erveiras do Ver-o-Peso
 
Seu João Alexandre, vendedor de ervas e do sabonete 'afasta chifre'
 
Convite da exposição. Iustração 'Os pescadores', de Maciste Costa

'Tião do Leão', vai levar os filhos e prestigiar o desenho do time predileto

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Peixeiros



Peixeiros, lápis 9B sobre tela, 150x220cm, 2011/Maciste Costa

talha
a branca carne
 o talho sangra
a
pedra pesa
homem sagrado

- alevino -

divino tempo de guelra

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Diálogo com a palavra


Por Yorranna Oliveira 
Maciste Costa é um ilustrador e artista plástico paraense que encontrou na palavra o alicerce para seu trabalho. Escritor e poeta, premiado pelo Instituto de Artes do Pará com o livro “Pedrinho e o peixe azul”, na categoria infanto-juvenil 2007, Maciste apresenta no próximo dia 20 de maio a exposição “VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS”.  A exposição saiu das páginas do livro “Peso Vero”, dos escritores Daniel da Rocha Leite e Paulo Vieira; um livro de prosa e poesia sobre o universo do Ver-o-Peso, com ilustrações de Maciste Costa e D’arcy Albuquerque.

“As tuas ilustrações não cabem mais no nosso livro”, ouviu o artista plástico do amigo Daniel Leite. Ao olhar desconfiado de Maciste, Daniel respondeu. “Meu irmão querido, nós vamos fazer uma exposição das tuas belíssimas ilustrações”. E a ideia ganhou forma com o projeto da exposição aprovado no edital 2011 do Espaço Cultural Banco da Amazônia, patrocinador do evento.

“Sempre tive o hábito de retratar em desenhos situações inusitadas. Dessa forma passei a ter a capacidade de vislumbrar nas palavras (textos) as imagens, ou o que está muito além delas. Isso passou a ser essencial em minhas ilustrações. Costumo dizer que ilustrar um texto é, sem sombra de dúvida, decodificar a sua alma”, afirma Maciste.

Maciste Costa durante composição da tela "Erveiras"
 
O projeto “VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS” traz 13 telas que retratam cenas do cotidiano dos trabalhadores da Feira do Ver-o-Peso. Doze delas foram feitas pelo próprio artista, apenas com um lápis, um pouco de criatividade e aguadas de tinta acrílica. A última tela, intitulada “Humanidades”, ele levou para o Ver-o-Peso e deixou que os próprios personagens do lugar construíssem a obra (veja aqui). O resultado poderá ser visto de segunda a sexta-feira, em horário comercial, de 23 de maio a 29 de junho, no Espaço Cultural Banco da Amazônia em Belém.

A tela “Humanidades” será acompanhada de um poema, de mesmo nome, feito por Maciste. O catálogo com as obras da exposição também trará poemas para cada uma das telas concebidas pelo artista plástico.

Confira alguns dos poemas do projeto:

 Carregadores
  
unta-se
ombro – sangue – suor
vezo deste braço
pesado fardo
bardo peixe
adernado osso



Anfiteatro meticuloso dos urubus

cardumes lhe prostram tempo
ao lanço rio
ao ranço dos botos
rotos de cio
ao comportamento embrionário dos ferros
que tecem almas de chuva
desses homens vezos  
peixe
- no anfiteatro meticuloso dos urubus -

nesse templo
urgem litúrgicas desdentadas bocas
ocas de carnes e orações
enquanto agacha-se vagarosamente
a tarde
o peso acomoda-se
nos desvãos da cidade.

sábado, 30 de abril de 2011

"Vidas, Gentes e Outros Desenhos" na Feira do Ver-o-Peso. Parte 2

Confira as fotos da construção da tela "Humanidades", do projeto "Vidas, Gentes e Outros Desenhos", durante a manhã da última sexta-feira (29) na Feira do Ver-o-Peso em Belém. Saiba mais detalhes do evento aqui.

Fotos: Eduardo Santos e Yorranna Oliveira

Participação de trabalhadores e fregueses

Vendedora de ervas do Ver-o-Peso

Um rabisco, uma assinatura, um desenho, um olhar

Maciste Costa repassando informações sobre o projeto

Com o lápis e o poder nas mãos

Dona Beth Cheirosinha, uma das mais famosas erveiras da Feira

Uma obra coletiva

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Trabalhadores do Ver-o-Peso participam de intervenção cultural

Texto: Yorranna Oliveira
Fotos: Yorranna Oliveira e Eduardo Santos
Seu João Alexandre Trindade da Silva, de 49 anos, foi o primeiro a participar da construção da obra “Humanidades” na manhã desta sexta-feira (29), na Feira do Ver-o-Peso em Belém. Entre uma venda de ervas e outra, ele dava palpites, receitas, contava histórias do lugar e incentivava os fregueses, passantes e colegas da Feira a deixar um pedacinho do Ver-o-Peso na tela do projeto “Vidas, Gentes e Outros Desenhos”. O projeto foi idealizado pelo artista plástico paraense Maciste Costa e tem o patrocínio do Banco da Amazônia.
Olhares de homens e mulheres sobre a maior feira ao livre da América Latina
Ver-o-Peso pelo olhar de seus personagens
Com um lápis na mão, o feirante deixou sua assinatura na obra “Humanidades”, última tela da exposição “Vidas, Gentes e Outros Desenhos”, que poderá ser vista pelo público de 23 de maio a 29 de junho no Espaço Cultural Banco da Amazônia, em Belém.
O evento durou a manhã toda e, ao final, a tela já estava preenchida com os desenhos, assinaturas e contribuições dos trabalhadores da Feira do Ver-o-Peso. Além de ser exposta com os outros trabalhos do projeto “Vidas, Gentes e Outros Desenhos”, a tela “Humanidades” terá um poema de mesmo nome como acompanhante na exposição.


Maciste (de blusa preta) explicando o projeto para um vendedor
Treze telas compõem o projeto. Cada uma retrata, através de ilustrações feitas com lápis e aguada tinta acrílica sobre tela, cenas da maior feira a céu aberto da América Latina. Cenas sob o olhar de Maciste Costa, que fez os desenhos das doze telas da exposição e deixou a última para ser concebida pelos próprios personagens da Feira. Gente que se conhece há anos e faz do Ver-o-Peso  casa, família, sustento e escola.
“Eu nunca estudei. Mas aprendi a ler e escrever aqui. O cara que não aprende no Ver-o-Peso, não aprende em lugar nenhum”, opina o vendedor de ervas Fábio Luiz da Silva, de 35 anos. Fábio convive com o ritmo da Feira desde os 10 anos de idade, quando vinha com avô acompanhá-lo na venda de ervas e aprender o negócio da família. 
Na tradição do Ver-o-Peso, as famílias reinam absoluta no setor de ervas, onde o conhecimento é repassado ao longo do tempo entre os membros da prole, numa arte de vender sonhos e desejos em essências que prometem até milagre, como o sabonete afasta chifre do seu João Trindade, o mais vendido da banca.
Venda de ervas, sabedoria popular que atravessa gerações
“Não podia ser espanta chifre, porque corno é que nem cachorro sem vergonha, quanto mais a gente chuta ele sai chorando e volta. Eu não podia colocar o corno no mesmo nível do cachorro, por isso esse aqui é afasta chifre”, explica o erveiro, exibindo o produto feito a partir do chifre do “Boi Totó”. Boi da Ilha do Marajó, segundo ele.


João Alexandre Trindade da Silva. 26 anos de trabalho no Ver-o-Peso
E seu Trindade garante que o sabonete, vendido por R$ 3,00, faz sucesso tanto com os homens quanto com as mulheres. “Uma vez vendi 31 sabonetes para uma senhora de Minas Gerais. Ela levou para os funcionários dela, porque ela tinha constatado que a produção deles caiu por causa do chifre”, conta.
Durante a composição da tela ‘Humanidades’, a eterna rivalidade entre os clubes do Remo e Paysandu também se fez presente. Tião do Leão tratou logo de desenhar na tela o escudo do time favorito.
Enquanto os bicolores questionavam a competência do clube, Sebastião Cerejo Teles, 45 anos, delineava os traços do brasão do Clube do Remo e sem pensar duas vezes defendia com respostas na ponta da língua.


Sebastião Cerejo Teles, o Tião do Leão
“Que ‘fuleira’ o quê? Esse é o melhor time do mundo”, afirmava ele, entre o ar sério e um sorriso maroto no canto da boca.  Coisa de quem há 25 anos trabalha vendendo ervas e já se habituou com as provocações dos adversários. No Ver-o-Peso, chamar o outro pelo time contrário é ofensa grave. Ainda mais se for na família do Tião. Lá, todo mundo torce para o Remo, e ninguém teve ainda peito e coragem de se bandear para o outro lado. 

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Intervenção artística na Feira do Ver-o-Peso


O carregador de caixas de peixes/ Maciste Costa
 Se você for passar pelo Ver-o-Peso amanhã (29), a partir das 9 horas, não deixe de conferir e participar da construção da obra “Humanidades”, última das 13 telas da exposição "VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS". A ação integra o projeto de mesmo nome, do artista plástico paraense Maciste Costa. O evento ocorre no setor de ervas, ao lado do Solar da Beira.

 “A intenção é que as pessoas, que compõem esse maravilhoso caos, façam a tela, que cada pessoa documente o que bem lhe convier. Uma tela feita com dezenas ou centenas de mãos, uma metáfora do que realmente é o Ver-o-Peso”, explica o idealizador do projeto, Maciste Costa.

Ver-o-Peso/ Foto: Blog da Joana Vieira

Solar da Beira/ Foto: Blog da Joana Vieira
O projeto tem patrocínio do Banco da Amazônia e traz como proposta a transformação do cotidiano da Feira do Ver-o-Peso em arte, retratada por meio de ilustrações em tinta acrílica sobre tela. O resultado poderá ser visto numa exposição no Espaço Cultural Banco da Amazônia, de 23 de maio a 29 de junho de 2011. 
 
Sobre o artista -
Raimundo Benedito Menezes da Costa, o Maciste Costa, é um artista plástico, ilustrador, poeta e escritor paraense. Maciste nasceu em 1964 em Belém do Pará e desde a infância é apaixonado por arte, sempre desenhando, pintando ou escrevendo. 

Em 1987, concluiu o curso técnico em Agropecuária, na Escola Agrotécnica Federal do Pará. No ano seguinte, prestou concurso público para a Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Aprovado, foi trabalhar nas reservas indígenas do Alto Xingu, na divisa do Pará com o estado do Mato Grosso, com fiscalização. A vivência com os povos indígenas e a rica forma de comunicação visual das tribos levaram Maciste a mergulhar profundamente nesse universo. Apesar das trocas culturais, quase dois anos depois saiu do quadro do governo, a pedido. 

Após deixar o emprego, Maciste foi morar em Macapá (AP) e, posteriormente, em São Paulo (SP). Em ambas as cidades, Maciste Costa realizou exposições coletivas e individuais, como na Escola de Artes Cândido Portinari, em Macapá, e no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, por exemplo. De volta a Belém, cidade na qual reside atualmente, foi Prêmio IAP (Instituto de Artes do Pará) de Literatura, edital 2007, na categoria infanto-juvenil, com o livro “Pedrinho e o peixe azul”.


Serviço:
Intervenção artística na Feira do Ver-o-Peso
Data: 29 de abril 
Hora: 9 horas
Local: Setor de Ervas, ao lado do Solar da Beira
Contato: Yorranna Oliveira – Assessoria de Imprensa projeto “VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS”.
Fone: (91) 8401.8286