PROJETO VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS

Este espaço foi criado para mostrar o processo de construção do projeto 'VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS', do artista plástico paraense Maciste Costa. O projeto tem o patrocínio do Banco da Amazônia, e a proposta de transformar em arte o cotidiano dos trabalhadores do Ver-o-Peso, em Belém do Pará. O resultado foi apresentado ao público em uma exposição entre os dias 23 maio e 29 de junho de 2011, no Espaço Cultural Banco da Amazônia. Acompanhe os detalhes do projeto por aqui. Sugira, opine, participe. Entre e boa jornada!
Ilustração: Os pescadores/ Maciste Costa

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Como tudo começou

Confira no depoimento do escritor paraense Daniel da Rocha Leite o surgimento do projeto "VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS".


Amanhecíamos no Ver-o-Peso eu, o Paulo Vieira e o Maciste. Manhãs de sábado durante um ano de fascínio e alumbramento por um "Verupa" sfíngico - e sempre outro - que conhecíamos a cada novo retorno. Era sempre um Ver-o-Peso diferente. Novas imagens, outras vidas, mundo de lutas e sonhos das gentes que fazem um lugar. Nossos olhares pretendiam sentir e escrever um livro, o “Peso Vero”, livro de prosa e poesia sobre um Ver-o-Peso distante dos cartões postais, um Ver-o-Peso feito pelas pessoas, trabalhadores, feirantes, crianças e fregueses, anônimos e abandonados de um universo. O nosso "Verupa" como chamamos.  

Em uma dessas manhãs, Maciste me apresentou as ilustrações da minha parte do livro. Ele, artista plástico de aquarelas e poemas, parece que tinha sonhado o meu sonho, à luz da leitura dos meus textos. Ele, com sua humanidade sem fim, pintou um Ver-o-Peso que eu (per)seguia nos contos que eu vinha escrevendo. Ele pintou um Ver-o-Peso pelo olhar e mundo das pessoas que o fazem. Um Ver-o-Peso das gentes que lutam e fazem dele as suas vidas. Um Ver-o-Peso esfinge das marés e do povo que o ilumina.

As ilustrações do Maciste têm essa marca de humanidade intensa. Era o Ver-Peso que sonhávamos.  Ali mesmo, naquela manhã, eu disse a ele:

- As tuas ilustrações não cabem mais no nosso livro.

Ele me olhou desconfiado. Dei um abraço nele de agradecimento eterno por mais este belo trabalho que ele me presenteava. Olhei para ele e disse:

- Meu irmão querido, nós vamos fazer uma exposição destas tuas belíssimas ilustrações.

Deu certo. Em algum instante, a vida imita a arte e vice-versa. A exposição “VIDAS, GENTES E OUTROS DESENHOS” veio à luz. Parabéns, meu amigo-irmão Maciste. Mereces muito. Vale sonhar sempre. Vale trabalhar. Vale, sempre, ir à luta.

Imenso e fraterno abraço,
Daniel.

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